A questão racial negra na universidade é uma questão de permanência estudantil?

A questão racial negra na universidade é uma questão de permanência estudantil?

A questão racial negra
passou a manifestar-se na universidade em carne, osso, cabelo, cor de pele, formato de nariz e quaisquer outros fenótipos que se queira apontar.
Como falar do objeto de estudo, se o objeto de estudo está aqui agora?
Seria possível deixar de estudar a população negra, para estudar com a população negra? Existiria uma categoria única chamada “negro”?

Primeiro de Maio e o adoecimento mental no trabalho

Primeiro de Maio e o adoecimento mental no trabalho

Deixa eu trazer um exemplo pessoal pra vocês. Eu amo escrever. Escrever é uma ação terapêutica no meu caso. Mas eu escrevo sozinha. Seja artigo, livro, conto, romance, ata, relatório. Sozinha. E demorou anos para que eu conseguisse falar isso e não me envolver em trabalhos que envolvam escrita coletiva. É um dos meus limites. 

E de forma geral , o mundo do trabalho hoje não vê com bons olhos quem escreve sozinho. É sempre uma equipe, um Grupo de Trabalho. E eu tinha medo de pensarem que era arrogante, que eu não sei trabalhar em equipe. Fui me libertando disso. E hoje sou bem mais leve.

PÁSSAROS

PÁSSAROS

Chega em casa, dá comida  para Natinho, conta pra ele como foi o dia. O pássaro canta um canto melancólico como se entendesse do que ela fala.  Das Dores leva a gaiola pra cozinha e enquanto faz a janta, vai conversando com o pássaro, contando as novidades, da igreja, da família, do Brasil. Você viu na televisão Natinho, aquela história? Triste né. Sabe a Marina, do Paulo? Então está grávida de novo. Parece que vai ser outro menino. Ah!! a nossa vizinha, também vai mudar. E nessa conversa termina a janta. Vai tomar banho.  A gaiola fica do lado de fora da porta. 

Como o Serviço Social faz acolhimento? Considerações a partir do trabalho profissional na permanência estudantil

Como o Serviço Social faz acolhimento? Considerações a partir do trabalho profissional na permanência estudantil

Em algumas situações, essa pessoa usuária vai demandar serviços que não são da competência do Serviço Social, mas antes de dizer que no Serviço Social não é o espaço adequado, ou antes de encaminhar para o serviço/órgão competente, ou antes de orientar em relação a busca de garantia de direitos, o Serviço Social vai precisar acolher essa pessoa. E é aqui que esbarramos. Porque na maioria das vezes sabemos para onde encaminhar e sabemos como orientar. Mas o que fazemos em relação ao acolhimento? Sabemos o que estamos fazendo? E se sabemos, porque não falamos sobre isso?

Entre Macabéa e Ponciá: por uma literatura que aborde a pluralidade de mulheres brasileiras

Entre Macabéa e Ponciá: por uma literatura que aborde a pluralidade de mulheres brasileiras

E vale ressaltar, para que não fique nenhuma dúvida, que eu não estou dizendo que uma personagem é melhor ou mais representativa que outra. Ou ainda, que uma autora seja melhor ou maior que outra. O que quero compartilhar com vocês é que na pluralidade das mulheres brasileiras, qualquer iniciativa que se pretenda homogênea é capenga e inconsistente. Isso serve tanto para literatura como para o feminismo. Se de fato, quisermos pensar a diversidade das mulheres brasileiras, precisamos entender que existe Macabéa, Ponciá e tantas outras. Fico pensando que para quem se nomeia feminista, ler “Mulheres que correm com lobos” e não ler “Niketche” é um equívoco colonial. Porque são perspectivas diferentes, que enriquecem de forma gigante o debate feminista.

Serviço Social na Permanência Estudantil: Impressões iniciais

Serviço Social na Permanência Estudantil: Impressões iniciais

Enfim, a permanência estudantil é um campo pleno de desafios e a nós, assistentes sociais, cabe compreender os limites, potencialidades e recursos desse espaço para construir uma práxis efetivamente democrática e transformadora. Eu me sinto empolgada para esse desafio. Acompanhem comigo por aqui as reflexões que forem surgindo.

Entre o patriarcado negro e o feminismo branco burguês: provocações de uma feminista negra trabalhadora

Entre o patriarcado negro e o feminismo branco burguês: provocações de uma feminista negra trabalhadora

Nessa direção nós, mulheres negras, seguimos sem lugar nessas lutas. Vamos focar em classe e perceber que, mesmo quando ascendemos e ampliamos o nosso poder aquisitivo, continuamos submetidas a situações como ser “confundida”? Vamos direcionar todas nossas forças contra o racismo e ver os homens negros avançarem e nós continuarmos nos mesmos lugares e papéis? Vamos nos juntar na luta feminista e ver que para as mulheres brancas a gente continua sendo a empregada que limpa a casa enquanto elas estudam Simone de Beauvoir?

<strong>BOLETIM DO CONSELHO TUTELAR</strong>

BOLETIM DO CONSELHO TUTELAR

Qual a configuração perfeita para o Conselho Tutelar? Aquela que representa a sociedade. Por isso que os Conselhos são municipais, para dar conta dessa diversidade, da particularidade de cada município. Sempre me perguntam: É errado ter pessoas da igreja no Conselho Tutelar? Evidente que não. Assim como não é errado ter no Conselho Tutelar pessoas “de terreiro”, da sinagoga, do templo budista, da bruxaria ou então que não sigam nenhuma religião. Assim como não é errado ter pessoas da educação, do esporte, da cultura, do comércio, da saúde, da assistência. O que importam é que sejam pessoas que tenham afinidade com a garantia dos direitos da criança e do adolescente e que representem a sociedade.

A Trancista

A Trancista

A menininha olha o espelho e sorri. Ela se acha tão engraçada com seu cabelo de duas tranças, uma de cada lado da cabeça. As tranças foram feitas pela mãe e, diferente de tranças que descem escorridas pela cabeça, as dela parecem ter vida própria. Ela pode erguer para cima, pode esticar para o lado. São tranças mágicas mamãe, ela fala sorrindo. Eloana, a menininha, sorri no espelho, sorri para mãe e segue guiada pela mão afetuosa do pai para a escola.

Reconstrução do SUAS: O SUAS que temos e o SUAS que queremos

Reconstrução do SUAS: O SUAS que temos e o SUAS que queremos

Mas, e em relação a mobilização e participação da população? Quem trabalha nos municípios sabe que esse é o grande nó. Como envolver as pessoas que utilizam os serviços da assistência social no processo de conferência?
Temos várias sugestões mas entre elas gostaríamos de destacar a realização de reuniões temáticas nos serviços a partir dos eixos temáticos. Como fazer essas reuniões? Elaborar um texto a partir do Informe 3 do CNAS e das propostas do município em relação àquela temática em conferências anteriores. Junto com as pessoas que utilizam os serviços, empregar a metodologia “Conferindo a Conferência”, ou seja, ver as propostas que foram apresentadas em conferencias anteriores e conferir se elas foram implementadas. Trata-se de uma forma de começar as mobilizações. 

“Socialflix” e compromisso com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional

“Socialflix” e compromisso com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional

Tais, mas o que isso tem a ver com compromisso com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional, princípio do Código de Ética?
Tem que, independente de como você vai se aprimorar intelectualmente, é fundamental que você o faça, buscando assim ser uma/um profissional cada vez mais competente, prestando um serviço de qualidade à população.
E já que você vai se aprimorar intelectualmente, porque não fazer isso de forma regular e sistemática com a Socialflix?
Espero vocês.

2023 é ano de eleição do Conselho Tutelar. Vamos começar a pensar sobre isso?

2023 é ano de eleição do Conselho Tutelar. Vamos começar a pensar sobre isso?

O primeiro aspecto diz respeito a uma formação equivocada que diz que o Conselho Tutelar pode tudo e não deve satisfação a ninguém. Ora, ora, e quem trabalha sozinho gente? O Conselho Tutelar é sim um órgão permanente, autônomo e não jurisdicional mas isso não significa dizer que ele trabalha isolado, acima de qualquer outro órgão e serviço. E vou dizer uma coisa para vocês: a maioria das informações que existem para conselheiros tutelares na internet trabalha com esse paradigma. Apresentam para as/os Conselheiros uma realidade que não existe em município nenhum, que não é verdade. Vendem uma autonomia que é mentirosa e que só dificulta o trabalho do Conselho Tutelar.

A necessidade de rompimento com a religiosidade e disciplinamento no trabalho social com famílias na política de assistência social

A necessidade de rompimento com a religiosidade e disciplinamento no trabalho social com famílias na política de assistência social

A assistência social no Brasil é uma política pública, proposta na Constituição de 1988, regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) de 1993 e sistematizada através do Sistema Único de Assistência Social (SUAS, Lei 12.435 de 2011). Contudo, a assistência social como prática de auxílio humanitário tem um histórico anterior no Brasil, ligado a filantropia, caridade e religiosidade. A consolidação da assistência social enquanto política pública é um desafio também histórico, na medida em que existe a necessidade de romper, nos espaços dessa política, com as práticas de cunho caritativo e filantrópico. Tal rompimento é necessário pois, basicamente, as práticas caritativas e filantrópicas estão centradas na pessoa que faz e a assistência enquanto política pública deve estar centrada no direito da pessoa que recebe.

Em busca de mim: a biografia de Viola Davis

Em busca de mim: a biografia de Viola Davis

A biografia de Viola Davis (265 páginas) é um livro bom de se ler. Uma menina pobre, extremamente pobre (miserável é a palavra), que passa por tudo quando é coisa ruim nessa vida e que encontra na arte a possibilidade de construir uma outra trajetória. Mas essa outra trajetória não é mágica, não é da noite para o dia. Ela não é transportada da noite para o dia de uma realidade de casa cheia, pessoas viciadas e cheiro de urina, para o tapete vermelho. Não. Ela vai se construindo. Interessante é que pelo que o livro deixa entender, boa parte da família dela segue na pobreza, já que ela não tem condições de sozinha, ajudar todo mundo.

Quando só ter direitos não resolve

Quando só ter direitos não resolve

Às vezes, só ter direitos não resolve. Uma das situações que me fez pensar nisso foi o caso assombroso do anestesista que abusou da mulher na cesárea dela. E na onda daquela situação, choveram informações sobre a lei do acompanhante. Blogueiras, artistas, militantes, todo mundo divulgando frases com o teor: “Mulher, você sabia que você tem direito a um acompanhante? Mulher, exija seu direito”. E assim por diante. Eu lia essas coisas com uma certa raiva, confesso. Porque de alguma forma, é de novo uma cobrança da vítima. Como se ela não soubesse que tem direito.

Niketche: A dança da vida das mulheres

Niketche: A dança da vida das mulheres

Rami é casada com Tony há 20 anos e tem cinco filhos. Tony é rico. Ela começa a investigar os casos extraconjugais de Tony e descobre que, além dela são outras quatro mulheres: A Ju, a Lu, a Sally e a Mauá Salué. Essas mulheres têm filhos do Tony, são família dele também. Rami sofre e chora, bate nas outras mulheres e apanha delas. No aniversário de 50 anos do Tony, Rami faz uma grande festa e convida todas as 4, oficializando a poligamia. Mesmo que legalmente não seja reconhecida no país e vista como atraso por alguns, o costume permanece. E Rami se aproveita desse costume para expor o marido, diante da sociedade

“Nem o mé, nem a cabaça”: Reflexões sobre teoria e prática no dia da/o assistente social

“Nem o mé, nem a cabaça”: Reflexões sobre teoria e prática no dia da/o assistente social

Por fim, nesse 15 de maio, deixo registrada a minha alegria em ser assistente social. Há 20 anos, em 2002, eu me graduava em Serviço Social. De lá para cá, trabalhei na política de assistência social em prefeitura de município pequeno, trabalhei com adolescente autor de ato infracional, trabalhei na gestão, em usinas, em empresa, como empreendedora. Estou há 07 anos como docente. Mas 13 foram atuando como assistente social. Trago para minha docência, as cores que conheci no exercício profissional. Sou assistente social com orgulho. Salve 15 de Maio. Salve Assistentes Sociais desse Brasilzão. Salve especialmente a Turma XXIII de Serviço Social da Unesp Franca, formandos de 2002, a minha turma, cuja foto ilustra esse post. SALVE.

Como elaborar um projeto de pesquisa?

Como elaborar um projeto de pesquisa?

Um projeto de pesquisa é uma proposta de investigação. Não é um relatório. Não é um artigo. Não é uma redação. Parece óbvio? Parabéns, você tem noção. Mas não é tão óbvio assim. Na maioria das vezes os projetos de pesquisa falam de tudo, menos do que a pessoa quer conhecer, investigar. Um projeto de pesquisa trata-se do que você quer pesquisar, como você quer pesquisar, em quanto tempo você vai pesquisar. Se o seu projeto não tem esses elementos básicos, ele é qualquer coisa, menos um projeto de pesquisa. Eu vou trabalhar nesse texto um exemplo de projeto de pesquisa, para evidenciar os principais aspectos. Destaco que o tema que eu escolhi é estapafúrdio, mas sabe cumé… a zoeira não pode parar. Nunca.

O6 dicas práticas sobre como se preparar para a prova discursiva do TJ/SP

O6 dicas práticas sobre como se preparar para a prova discursiva do TJ/SP

Mas o que está preocupando uma parcela significativa da galera que vai prestar esse concurso, é a prova discursiva/estudo de caso. Nessa prova, a candidata ou candidato terá que dissertar sobre um tema relacionado aos conhecimentos específicos. De acordo com o edital, essa prova irá avaliar “o grau de conhecimento e capacidade de expor com clareza, concisão, precisão, coerência e objetividade assuntos relacionados ao bom desempenho do cargo”. Ou seja, a pessoa deverá mostrar, através da prova discursiva, que sabe o que fazer. Assusta né? Nem tanto. Vamos lá.

O  que faz um/uma assistente social?

O que faz um/uma assistente social?

Como assistente social e professora de curso de graduação em Serviço Social, vez ou outra discentes me questionam: O que faz um/uma assistente social? Como responder essa pergunta, feita quase sempre que elas/eles dizem que estão cursando Serviço Social, que serão assistentes sociais. Elas e eles destacam que sabem todo o arcabouço teórico, sabem do trabalho em relação às expressões da questão social, do modo de produção capitalista, da divisão sociotécnica do trabalho.  Mas como falar disso de forma simples? Apontam também que sabem dizer Continue lendo