“Mamãe não sai do celular”: As cobranças na vida da mãe da contemporaneidade.

Tenho certeza que você já viu algum meme dizendo: “Mamãe não sai do Facebook, vou pra casa da vovó.” Ou então, ” Vovó vem me buscar, mamãe não sai do zap-zap”. Essas coisas. E eu me pego pensando o quanto os tempos mudam e as cobranças para as mães só mudam de forma.
Nós, mulheres e mães do tempo atual, vivenciamos um  desafio  que talvez nenhuma outra geração de mães tenham vivido: a necessidade de sermos auto-suficientes. A necessidade de darmos conta de tudo, sem pedir ajuda, sem reclamar… e sem abstrair pra nada. A necessidade de sermos fortes o tempo todo. Tenho lido muitos textos sobre isso, sobre o como essa cobrança nos adoece.


A sociedade de  forma geral, nos empurra para a solidão e o isolamento. E na maternidade, isso é de uma crueldade e desumanidade sem precedentes. Nos fizeram crer que resguardo era bobeira. E nesse discurso, nos privaram de termos outras mulheres cuidando de nós nesse período tão tenso da vida, que são os primeiros dias com um recém nascido no colo. Nos disseram que o que a gente precisa é de um bom pediatra pra acompanhar o bebê, que do resto a gente dá conta. Afinal todo mundo dá conta não é mesmo? Ninguém morreu porque ficou sozinha no resguardo.

E assim  de frase em frase, de recomendações em recomendações vão nos afastando do conhecimento de nós mesmas, nos fazendo crer que a necessidade de nos conectarmos com outras de nós é conversa mole.
Mas o que isso tudo tem a ver com o celular? Já falo.


As nossas bisavós, as nossas avós, as nossas mães,  trabalhando fora ou não, tinham o espaço que era delas. As vezes na cozinha, fazendo pamonha, fazendo pão,  mexendo o doce…falando da vida, das alegrias e tristezas. Era um reduto feminino, de opressão, mas também de resistência, já que é na unidade de contrários que a realidade vai se forjando.As vezes esse espaço era na rua, no fim de tarde, conversando com as vizinhas. Mas nos tiraram isso. Nós, mulheres modernas, trabalhadoras e mães, não temos tempo pra perder em cozinha conversando fiado. Não podemos ficar na rua fofocando.  Não.


Tudo perda de tempo. Assim como é perda de tempo ficar no celular. Esse tempo que vocês gastam em Facebook e whats app poderiam estar cuidando dos seus filhos. Eles estão sozinhos. Sem mães pra cuidar. (Um aff bem grande)
Já perceberam que ninguém cobra pais? Ninguém faz meme assim “Vovô vem me salvar que o papai não sai da frente da TV”.  Tá.  Eu sei que é uma brincadeira…mas ela reflete uma construção social do que se espera da maternidade.
Mães onipresentes. Mães que não tenham tempo nem pra respirar. Mães que não percam tempo conversando com outras, mesmo que virtualmente. Mães que não se encontrem com outras. Mães que sofram sozinhas.


Eu insisto. Precisamos de um resgaste da nossa sociabilidade materna. Um retorno do nosso encontro com nossa ancestralidade, com o tão falado e tão desconhecido sagrado feminino.  Conversem. Falem bastante.Pessoalmente. No Messenger. No Whatsapp. No direct do insta. Conversem. Não se isolem. Não somos auto-suficientes. E aí quando você conversar com outras, vai perceber que estamos todas nesse mesmo barco louco, que é a maternidade.

DEIXE AQUI SEU COMENTÁRIO: