A falta de vacinas nos “postinhos” e a mercantilização da saúde

A vacinação de crianças é obrigatória para prevenir contra algumas doenças no Brasil. Foi através da vacinação obrigatória, da definição de um calendário básico de vacinas, que diversas doenças foram praticamente erradicadas no país.

Todo mundo que tem  (ou já teve) um bebê em casa,  sabe do ritual doloroso do primeiro ano de vida. São vacinas e mais vacinas para imunizar a criança e proteger das mais diversas doenças.

Para algumas vacinas aplica-se doses e reforços. Qual mãe/pai/avós/responsáveis que nunca tiveram vontade de sair correndo com a reação da vacina penta aos 2 meses? Bebês enjoados, chorando. Perninha sem poder encostar, febre em alguns casos. E aí quando você pensa que ficou livre, tem o reforço dos 4 meses e depois o dos 6 meses.

E é justamente dessa vacina que quero falar aqui. Ou da falta dela. A vacina penta tem esse nome não é porque é campeã cinco vezes (trocadilho infame, eu sei), mas porque protege contra 5 doenças: tétano, difteria, meningite, coqueluche e a hepatite B. Algumas dessas doenças infelizmente podem matar ou deixar sequelas para o resto da vida.

Essa vacina, a penta, está em falta na rede pública. A previsão é que o fornecimento seja regularizado até Novembro de 2019. A maioria das famílias que conheço, que têm bebês que precisam tomar a vacina,  estão toda semana ligando nos postinhos daqui de Uberaba, de Igarapava, de Aramina, Delta, Buritizal, entre outros, na busca pela vacina. Uma procura cansativa, desalentadora.

Mas a falta da vacina penta não é a primeira esse ano. Já tivemos a falta da vacina de sarampo. E infelizmente também não será a última. Ainda que as explicações para a falta dessas vacinas na rede pública sejam as mais diversas como lotes com defeitos, vacinas importadas, procura maior do que o habitual, a pergunta que fica é: Por que essas vacinas não faltam na rede particular?

Tenho certeza que vocês sabem a resposta. Porque na rede particular, as vacinas são muito caras, porque tem gente lucrando muito com a falta da vacina na rede pública. Eu não tinha idéia do quanto custava na rede particular, por exemplo, as vacinas de uma criança até os 18 meses (01 ano e meio).  Tive a curiosidade de pesquisar. Aqui em Uberaba, se você fechar pacote, pode conseguir a bagatela de seis, sete mil reais. Isso mesmo que você leu. Entre seis e sete mil reais, o pacote.

Ou seja, se não temos essas vacinas na rede pública, quem vai continuar imunizando e protegendo suas crianças? Com certeza não é a classe que vive do trabalho. Infelizmente a questão da vacinação expõe uma questão central  em relação à política nacional de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) está sendo cotidianamente sucateado, desmontado. E tem gente lucrando (E MUITO) com isso. 

O cenário é desmotivador. Ontem foi a vacina de sarampo. Hoje é a vacina penta. Amanhã é o próprio Sistema Único de Saúde.  E a gente segue. Achando que não vai chegar na gente, achando que é uma eventualidade. Afinal falta de vacina logo se resolve. Seguimos. Deitados eternamente. Só que o berço é cada vez menos esplêndido.

DEIXE AQUI SEU COMENTÁRIO: