O Serviço Social é uma profissão de formação generalista, ou seja, nossa formação nos permite a interlocução com diversas áreas, uma vez que possuímos competências e habilidades amplas e diversas. Assim, como assistentes sociais, podemos ocupar espaços de trabalho profissional diversificados e em qualquer desses espaços, seremos assistentes sociais.
E em todos esses espaços do trabalho profissional sempre surge o questionamento acerca da dimensão socioeducativa da profissão. O que seria essa dimensão socioeducativa? Ela estaria por exemplo limitada ao sistema socioeducativo? Seria educação formal, mas realizada por assistentes sociais? Esse é a primeira questão que quero responder nesse texto, para auxiliar tanto em estudos como no cotidiano do trabalho profissional.
Mas e quando eu já sei o que é dimensão socioeducativa, como começar um trabalho? Preciso ter um projeto socioeducativo? Como desenvolver isso em meio a tantas atribuições? Essa é a segunda questão que quero responder nesse texto.
Então, vamos lá, primeira questão: O que é a dimensão socioeducativa do Serviço Social? Para responder essa questão é preciso entender que o Serviço Social enquanto profissão, atua diretamente nas relações sociais, buscando desenvolver ações que garantam direitos, atendendo assim a demandas que dizem respeito a justiça social, entre outros aspectos.
A profissão tem um compromisso ético com a transformação da realidade, buscando assegurar uma sociedade justa e igualitária. Para isso, é fundamental desenvolver um trabalho que atenda as demandas urgentes e imediatas, mas que não se limite a isso. Ou seja, naquela linguagem famigerada e muito conhecida do “dar o peixe ou ensinar a pescar”, o Serviço Social se preocupa em dar o peixe, ensinar a pescar mas também refletir porque é necessário pescar, refletir que coletivamente a pesca pode render mais, buscar condições para que todo mundo possa pescar…. e eu poderia escrever mais 300 complementações para essa frase, relacionando com o Serviço Social.
Em termos gerais, a dimensão socioeducativa do Serviço Social é a que se preocupa em desenvolver uma reflexão que possibilite a tomada de consciência em relação a necessidade de mudança nas relações sociais. A dimensão socioeducativa do trabalho profissional é a que visa permitir ao sujeito atendido entender o cenário de desigualdade no qual está inserido e questionar essa ordem, se organizar para enfrentar/resistir/alterar tal ordem. Dessa forma, a dimensão socioeducativa se configura como elemento chave para a materialização dos pressupostos do projeto ético político da profissão.
Correndo o risco das críticas por “simplificar demais”, vou dar um exemplo para que vocês a partir daí, construam as próprias reflexões. A assistente social do CREAS (Centro de Referência Especializado da Assistência Social) atende uma mulher vítima de violência. Ela vai dar os encaminhamentos específicos do caso (atendimento médico, jurídico, acompanhamento). Mas ela pode e deve fazer mais que isso e entre esses aspectos está por exemplo, um grupo de mulheres para discutir as questões de machismo ou quem sabe ainda um grupo de homens para discutir masculinidade tóxica. Ao formar esses grupos, e propor discussões que busquem entender e questionar a ordem, articulando formas de pensar outra sociabilidade, estamos falando da dimensão socioeducativa da profissão.
Para fixar essa reflexão, convido vocês a construírem exercícios sobre como seria a dimensão socioeducativa do trabalho profissional de assistentes sociais nas mais diversas situações. Esse exercício reflexivo é fundamental tanto pra quem está estudando e precisa fixar os conteúdos, como pra quem está trabalhando e precisa apresentar respostas em seu exercício profissional.
E a resposta da segunda questão penso estar implícita no que apontei. A dimensão socioeducativa deve ser cotidiana no exercício profissional. Não precisa necessariamente de um projeto especifico… “O PROJETO SOCIOEDUCATIVO” rsrsrsrs Não. Já está no nosso projeto ético político hegemônico. O nosso trabalho profissional não pode prescindir da dimensão socioeducativa porque ela é parte intrínseca de uma atuação comprometida com a transformação social. Assim, trabalhar com a dimensão socioeducativa da profissão é ter no trabalho, objetivos que vão para além do atendimento emergencial necessário. Trabalhar com a dimensão socioeducativa da profissão é buscar “orientar/conscientizar/educar” tendo em vista a sociedade que queremos. E podemos fazer isso em quaisquer espaços que estejamos.
